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terça-feira, 23 de abril de 2013

Porto Alegre - Veneza

  Entre outras vantagens, o voo direto Porto Alegre-Lisboa trouxe mais esta gentileza aos gaúchos: permite conexão a Veneza sem barulho, nem Guarulhos. Também é possível um amável interlúdio lisboeta, de uma noite por conta da Tap, antes de desembarcar na cidade encantada.
 Chegar a Veneza de trem ou de automóvel é como entrar num palácio pela escada de serviço, escreveu Thomas Mann com toda a razão. Numa espécie de contradição poética, a única forma de entrar na cidade como nos velhos tempos, sem ser “pela escada de serviço” dessa vívida imagem de Mann, é chegando de avião. Isso porque, a partir do aeroporto de Mestre, há ligação regular de vaporetti e motoscafos, que funcionam como ônibus e táxis por mar, permitindo aos visitantes recuperar as emoções de Byron, Proust, Hemingway, do próprio Mann, de Casanova, Maquiavel e tantos outros que se comoveram na chegada, com a imagem da cidade se materializando aos poucos, em meio à bruma, como se estivesse emergindo das águas...


 A cidade dos caminhantes, explore Veneza da melhor maneira: a pé.
 Foto: creative commons / Rui Ornelas

 Não havia outra forma de desembarcar na cidade, até 1846, quando foi construída a ponte ferroviária sobre a laguna. Essa ligação seria duplicada com o viaduto rodoviário que permitiu aos automóveis chegarem perto. Entretanto, como nas casas orientais em que os visitantes tiram os sapatos na porta, na chegada por terra a Veneza, antes de entrar, os motoristas tem que deixar seus carros do lado de fora, em imensos e caríssimos estacionamentos de Piazzale Roma. Nas estreitas ruas da cidade – às vezes estreitíssimas, não permitindo duas pessoas lado a lado – todos sabem que é inevitável andar a pé.
 Nada mal para quem vai se atirar de cabeça na extraordinária gastronomia local à base de peixes e frutos do mar fresquíssimos, exibidos como verdadeiros troféus no mercado do Rialto: por certo fatalmente cruzará aquela linha amarela da gula. Mas a Serenissima, ao mesmo tempo que impõe quilos a mais, em dezenas de restaurantes de primeira ordem e de preços variados, oferece as caminhadas infinitas e emagrecedoras.
 Além dos comilões muitas outras tribos vão se regalar. Os consumistas não encontrarão em nenhum outro lugar do mundo um comércio tão eclético e variado, com ofertas e preços tão diversificados. Quem gosta de arte vai precisar de tempo para ver as igrejas, palácios, exposições e galerias. Em geral, a melhor dica é a flanerie: gostar de andar a pé, flanar. Veneza foi fundada, segundo os arquivos históricos, exatamente ao meio dia de 25 de março do ano de 421 – lá se vão 1592 anos. Desde então, como se sabe, não mudou muito. 
 E nesses quase 16 séculos, cultiva a mesma vocação: é a cidade dos caminhantes.

Daqui.



3 comentários:

chica disse...

Adorei a viagem. Veneza é linda, estive lá e adorei, gostaria de voltar! beijos,chica

Tunin disse...

Como é bom viajar virtualmente contigo, Sônia! Parece que estamos em plena cena viva do local.
Abração.

Anne Lieri disse...

Deve ser uma viagem ao passado!Linda Veneza!bjs,

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